A ANIMEE fez uma exposição ao Ministério do Ambiente e Energia que destaca as principais prioridades dos fornecedores europeus de tecnologias para as redes elétricas que desejamos que sejam tidas

em consideração no Conselho de Energia de 30 de maio. A ANIMEE fez questão de partilhar a carta enviada pela T&D Europe aos Ministros da Energia da UE com um pedido para refletir sobre as nossas recomendações nas conclusões do Conselho sobre o Plano de Ação da UE para as Redes Elétricas. Esta missiva baseia-se no documento de posição da T&D Europe recentemente adotado: EU Action Plan for the Grids: Grid technology perspective: T&D Europe recommendations..
Apesar do Plano de Ação da União Europeia para as Redes Elétricas ser um marco importante para o seu desenvolvimento, é nosso entender que não abrange todas as necessidades da indústria da tecnologia de redes. Apelamos, assim, a que a posição portuguesa no Conselho de Energia de 30 de maio seja no sentido de adotar conclusões que conduzam à/ao:
• Qualificação do apoio ao sector de tecnologia de rede da Europa como um interesse vital europeu e nacional e a comprometer-se a apoiar os fabricantes e criadores de software baseados na Europa no fortalecimento da produção de tecnologias de rede estratégicas;
Esta qualificação deve emergir, nomeadamente, como um resultado chave, tangível e prático do Ato Legislativo Indústria de Impacto Zero. A Europa precisa de ter uma base industrial forte que possa fornecer e apoiar o sistema elétrico como uma infraestrutura crítica. Deve, portanto, tomar as medidas adequadas para permitir que o setor continue a operar, a fornecer e a inovar para uma rede elétrica segura, fiável, flexível e resiliente. Isto também exige que os decisores políticos garantam que as ambições e o ritmo da transição estejam em linha com as capacidades de produção industrial e de desenvolvimento de software da Europa, para evitar a criação de novas dependências externas.
• Garantia que os planos de desenvolvimento de rede elétrica para todos os níveis de tensão estejam claramente alinhados com os Planos Nacionais de Energia e Clima e acompanhados de planos industriais, especificando a procura dos operadores de rede por tecnologia de rede;
Tal permitiria à indústria preparar-se, técnica e economicamente, para aumentar a sua capacidade de produção, organizar a sua cadeia de abastecimento e recrutar e desenvolver as competências necessárias. Os governos nacionais e as autoridades reguladoras devem definir e desenvolver planos de investimento ambiciosos para enfrentar a transição energética de forma harmonizada. É fundamental assumir os compromissos políticos e financeiros necessários para atingir a meta europeia de 2050.
O planeamento precisa de ser apoiado por um compromisso fiável dos governos e dos reguladores (permitindo aos operadores do sistema agirem sobre os objetivos, nomeadamente através de acordos-quadro de longo prazo, quando relevante) e dos clientes (quadro adequado para assumir compromissos financeiros). A ambição por si só não é suficiente. Por exemplo, os quadros regulamentares que permitem e até incentivam investimentos antecipados terão de basear-se em planos de desenvolvimento de redes coordenados e holísticos a longo prazo.
• Promoção do aumento nos investimentos na digitalização da rede elétrica;
Tal como já destacado no Plano de ação da EU para Digitalizar o Sistema Energético, a Europa precisa de aumentar a digitalização de todo o sistema elétrico europeu para garantir
1) a aceleração da transição energética da Europa;
2) a otimização da operação do nosso sistema de energia e redução da pressão na cadeia de abastecimento;
e 3) a otimização dos recursos humanos, a fim de aliviar a pressão sobre as competências.
Juntamente com este Plano de Ação, o Plano de Ação da UEpara as Redes Elétricas e a recentemente revista conceção do mercado elétrico, devem promover de forma coerente um aumento nos investimentos em infraestruturas elétricas digitais.
Paralelamente, a cibersegurança deve continuar a ser uma prioridade transversal. Devido a fatores como a convergência da tecnologia operacional e da tecnologia da informação, a proliferação de dispositivos da Internet das Coisas e a digitalização dos modelos de negócio (incluindo o aumento da utilização de serviços em nuvem), a superfície de ataque cibernético que pode ser explorada por agentes mal-intencionados está a expandir-se. E com a crescente interconectividade, um ataque cibernético num país pode espalhar-se rapidamente e afetar vários sistemas elétricos. Um foco contínuo na cibersegurança e na ciberresiliência é essencial, uma vez que tem um impacto imediato nos processos empresariais dos operadores de rede da Europa.
• Reconhecimento da importância das normas existentes;A qualidade está no centro do atual sistema de normas internacionais: estas identificam requisitos de alta qualidade que as empresas precisam de cumprir para fornecer componentes de tecnologia de rede de alta qualidade, garantindo os níveis de desempenho exigidos ao longo da vida útil esperada. A adesão a esses padrões permite que nossa indústria permaneça em conformidade e mantenha a sua vantagem competitiva nos mercados globais, concentrando-se na qualidade. Em suma, a transição energética pode continuar a depender de um sistema robusto de normas que deverá continuar a apoiar a inovação.
• Apoio aos operadores de rede elétrica e aos fabricantes de equipamentos no desenvolvimento de um entendimento comum das especificações funcionais necessárias para projetos de sistemas de transmissão offshore, com base num pedido claro dos operadores de rede sobre as suas necessidades;Para a área em evolução dos sistemas de transmissão offshore, a variação nos requisitos dos Operadores dos Sistemas de Transmissão (OST, ou seja, e REN, em Portugal) coloca uma restrição à cadeia de abastecimento global na Europa. Os fabricantes investem na modificação de projetos, subsistemas e componentes. Um acordo sobre um conjunto claro de especificações funcionais para sistemas HVDC (sistemas de Corrente Contínua de Alta Tensão) offshore reduziria o esforço de engenharia tanto para os OST como para os fabricantes e tem o potencial de reduzir o tempo de entrega de projetos offshore, reduzir custos e diminuir a documentação do concurso. Uma colaboração forte é essencial. No projecto InterOPERA, financiado pela UE, as partes interessadas já estão a trabalhar em conjunto na resolução de desafios de interoperabilidade.
• Garantia de uma coerência regulamentar para evitar que os requisitos e especificações dos produtos e soluções exijam reformulação, atrasando assim o necessário aumento das capacidades de produção.O enorme desafio de construir e expandir a rede elétrica da Europa exige que a indústria forneça resultados com rapidez e escala. A rápida implementação, aplicação e execução da legislação da UE em vigor é crucial.
Ao mesmo tempo, para a produção é essencial que os requisitos e especificações dos produtos e soluções não mudem de uma forma que exija um redesenho ou reformulação. Por exemplo, a revisão do regulamento relativo à conceção ecológica dos transformadores deverá manter os atuais requisitos de eficiência e abster-se de acrescentar critérios que reduzam a capacidade de produção da Europa. Além disso, a UE deveria reconsiderar uma restrição geral de todos os PFAS (substâncias perfluoroalquiladas) em favor de uma regulamentação mais diferenciada que considere os riscos específicos, a disponibilidade de materiais substitutos e os benefícios das diferentes substâncias e utilizações destas substâncias.
Muitos PFAS são essenciais para garantir a segurança elétrica e o desempenho dos equipamentos que garantem o fornecimento de eletricidade em toda a Europa. Além disso, os códigos de rede da UE devem referir-se a normas reconhecidas sem desvios. Os Estados-Membros deverão implementar os códigos de rede da UE sem a inclusão de requisitos alterados ou adicionais.
As conclusões do Conselho de Energia constituem uma orientação política importante para a Comissão, que é a responsável final pela implementação do plano de ação. Além disso, os ministros da Energia da UE têm um papel importante a desempenhar, uma vez que estão centralmente envolvidos na conceção, planeamento, desenvolvimento e implantação de investimentos na rede elétrica do seu país.
Newsletter de maio de 2024